Câmeras Fotográficas e Algumas Histórias

Nick Ut (Leica)

por Paulo Marcos de Mendonça Lima

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Em 08 de junho de 1972 o fotógrafo vietnamita Nick Ut faria sua foto mais conhecida de uma carreira iniciada 6 anos antes e que se estenderia por 50 anos. 

Nick registrou a cena dramática com um Leica M2 e filme Tri-x. A câmera ainda existe e está em exposição permanente em um museu na cidade de Washington, EUA. 

Em junho de 1972 a vila de Trang Bang estava ocupada pelas forças norte-vietnamitas e as tropas sul-vietnamitas, apoiadas pelo Exército Norte Americano, tentavam retomá-la. A estratégia escolhida foi descarregar impiedosamente bombas de napalm sobre a cidade. No caminho havia civis, muitos atingidos mortalmente pelo artefato incendiário, o chamado "fogo amigo", reeditando o "massacre dos inocentes" bíblico. Em 1980 bombas deste tipo foram proibidas mundialmente de serem usadas contra a população civil. 

Kim Phúc, de 9 anos de idade, se abrigava num templo de sua aldeia natal quando as bombas começaram a cair. Teve tempo de fugir com os seus primos e irmãos, mas o fogo letal lhe atingiu, queimando 30% do seu corpo com queimaduras de terceiro e quarto graus e incinerando as suas roupas. Kim é a menina nua correndo desesperadamente no centro da foto icônica de Ut. Uma imagem que ajudou a mostrar os horrores de uma guerra que não poupou nem as crianças. 

"Eu queria parar a guerra, eu odiava a guerra. Meu irmão me dizia que tinha esperança que um dia eu tirasse uma foto que parasse a guerra. Eu acho que esta foto chegou muito perto disso", disse Nick Ut. 

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PAULO MARCOS DE MENDONÇA LIMA

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Comecei a mexer com fotografia em 1974 ao mesmo tempo que me dedicava ao teatro. Achei que iria ser ator, mas em 1977 fui fazer uma faculdade de fotografia nos EUA e desde 1978 fotografo profissionalmente. Trabalhei como fotógrafo contratado para as revistas Manchete e Veja-Rio e para o jornal O Dia.
Fui editor de fotografia do Dia, o Globo, LANCE!, TV Globo e Brasil Econômico. No LANCE! também fui editor de projetos especiais.

Fazer e ensinar fotografia são as tramas da corda que me ata à fotografia. Me interesso por ensinar o que já aprendi e aprender sobre e com os novos fotógrafos, o que se está produzindo em outros lugares, e os trabalhos realizados pelas infinitas possibilidades que as novas tecnologias trazem. Convergências de mídias, de suportes, de narrativas. Tudo junto, tudo pulsando.