Câmeras Fotográficas e Algumas Histórias

Dianne Arbus (Rolleiflex)

por Paulo Marcos de Mendonça Lima

diane-arbus-grenade.jpg

Um menino com uma granada de mão de brinquedo no Central Park, em Nova York, é uma das mais famosas fotografias de autoria da fotógrafa norte-americana Diane Arbus. A imagem é inquietante e perturbadora. Não tanto pelo brinquedo de plástico, comum mesmo nos dias de hoje, mas pela tensão, os dentes cerrados e olhar crispado de Colin Wood, uma criança de sete anos de idade. Completando a cena pouco amistosa, a mão esquerda de Wood parece uma garra raivosa pronta para esganar quem lhe fotografa. Tendo sido feita em 1962, a icônica foto passou a representar a insanidade da Guerra do Vietnam, começada em 1955 e ainda longe de se encerrar em 1975.  

De uma família de bem sucedidos imigrantes russos e poloneses estabelecidos em Nova York desde o final do século XIX, Diane Arbus teve uma infância e uma adolescência de luxo e conforto que não a impediu, entretanto, de construir uma obra fotográfica que olhou para grupos marginalizados com a intenção de lhes representar de forma empática.

Colin Wood disse:  “Ela me pega em um momento de exasperação. Meus pais tinham se divorciado recentemente e havia uma sensação geral de solidão, de estar sendo abandonado. Eu estava explodindo. Ela viu isso e foi como... compaixão. Ela capturou a solidão de todos, de todas as pessoas que desejam se conectar, mas não sabem como. E eu acho que é assim que ela se sentia sobre si mesma. Ela se sentia perdida e esperava que, mergulhando nesse sentimento, por meio da fotografia, ela pudesse se transcender. ”

Diane Arbus fotografada por Garry Winogrand em 1969 no Central Park, Nova York

Diane Arbus fotografada por Garry Winogrand em 1969 no Central Park, Nova York


PAULO MARCOS DE MENDONÇA LIMA

965481_10202912189793784_1108038447_o.jpg

Comecei a mexer com fotografia em 1974 ao mesmo tempo que me dedicava ao teatro. Achei que iria ser ator, mas em 1977 fui fazer uma faculdade de fotografia nos EUA e desde 1978 fotografo profissionalmente. Trabalhei como fotógrafo contratado para as revistas Manchete e Veja-Rio e para o jornal O Dia.
Fui editor de fotografia do Dia, o Globo, LANCE!, TV Globo e Brasil Econômico. No LANCE! também fui editor de projetos especiais.

Fazer e ensinar fotografia são as tramas da corda que me ata à fotografia. Me interesso por ensinar o que já aprendi e aprender sobre e com os novos fotógrafos, o que se está produzindo em outros lugares, e os trabalhos realizados pelas infinitas possibilidades que as novas tecnologias trazem. Convergências de mídias, de suportes, de narrativas. Tudo junto, tudo pulsando.


Ateliê OrienteComentário