O Retraço de Walter Carvalho, no MIS SP
Por Thiago Barros
O fotógrafo que enxerga através da janela da alma. Ele não encontra imagens, elas o encontram. Das platibandas de Malevich aos sertanejos mistérios dos detalhes, Walter Carvalho caminha pelo mundo com os olhares atentos ao ordinário. Mãos, garras afiadas que cortam a carne como as facas do magarefe, poesia pregada nas pedras que rasgam o chão árido, a música de um instrumento mudo, a língua que não lambe, um mundo que vemos mas não sentimos, ou se sentimos não vemos.
Através do seu preto e branco ele nos mostra a “cor de ver”. Mas sim! Tem cor também! Não só a cor das palavras cantadas por Caetano Veloso, mas os pigmentos coloridos invadem timidamente seu histórico território de ausência. São apenas 3,4% de vermelhos, azuis e verdes que num canto estratégico parecem que vão se despregar da parede na calada da noite e pouco a pouco pintarão seus pares. E até o fim da exposição, quem sabe, todas as obras estarão repletas de suas cores. Que medo, heim Waltinho!
A cor de Walter é essa! É a cor do pensamento, a cor de uma estrela, a cor da sede, a cor da cegueira, a cor do céu quando escorre pelas paredes! Nos tons de cinza revelam-se muitas cores. Precisamos apenas ensinar aos nossos olhos um pouco da percepção paraibana, da terra dos fortes e também delicados poetas.
O Retraço de Walter Carvalho inaugura no Museu da Imagem e do Som - SP, sábado, dia 21/04/2018, às 14h, abrindo, juntamente com José Oiticica Filho, Sandro Miller e outros tantos talentos no MAIO FOTOGRAFIA.