Pete Turner, colorindo a América

Por Paulo Marcos

Uma explosão de cor que nos leva para um universo quase sideral, surreal. Pete Turner colocava as suas imagens no limite entre a fotografia autoral e a publicitária. Mais americano do que isso é difícil de encontrar. Turner nasceu em 1934 nos EUA, um país que fez do consumo desenfreado e sem trégua o seu modo de vida e o seu modus operandi. Mais hambúrguer, mais carros, mais estradas, mais armas, mais compras, mais casas iguais, mais topetes à lá Trump, mais excessos, mais cores, mais tudo. Por vezes transformando paisagens em máquinas e máquinas em paisagens, Turner, tal como o outro, William, o famoso pintor inglês do século XIX, esparrama cores por todos cantos do quadro e as faz reverberar. Mas não é uma cor qualquer, é uma cor que atravessa a imagem como uma bala, às vezes de fuzil, às vezes de açúcar. Nunca sútil, sempre forte, marcada, protagonista, kitsch, americana. Uma cor a ser consumida em todas as esquinas. É para empanturrar. "Hey there, mister, give one more!". O cavaleiro selou o cavalo da cor e da ficção e peitou: “O que eu fiz de errado? Nada, eu acho. Estou cada vez mais surpreso que há tantos fotógrafos que rejeitam manipular a realidade, como se isso estivesse errado. Mude a realidade! Se você não encontrá-la, invente-a!”

Ateliê OrienteComentário