A bicicleta de Pelé

Com um movimento tão inesperado quanto preciso, ele se lançou no ar jogando as pernas para o alto, interrompendo a trajetória da bola. Quando aterrissou no gramado se apoiando nas duas mãos, o estádio explodiu em euforia e espanto com o gol inesquecível. Os torcedores da seleção brasileira não se continham de tanta alegria. Os do time adversário, de olhos abertos e sem piscar, se sentiram privilegiados por terem assistido ao maior jogador de futebol de todos os tempos elevar, mais uma vez, a régua que se mede os fora de série. Nesta noite Pelé deu mais um passo em direção à eternidade e virou sinônimo de níveis de excelência antes inimagináveis. O maior de todos, um gênio, um rei, mas sobretudo, eterno.

Alberto Ferreira (1932-2007) estava no Maracanã naquela noite de 1965 para fotografar o jogo entre Brasil e Bélgica para o Jornal do Brasil. Com a sua Leica cortou o tempo com a precisão de um bisturi e produziu uma foto à imagem e semelhança do futebol de Pelé: única, poética, vigorosa e para sempre icônica.

Paulo Marcos de Mendonça Lima

Rio de Janeiro, dezembro de 2022

Ateliê Oriente31 de dezembro de 2022Comentário