Fotografia, inovação, realidade virtual e futuro

Por Ioana Mello

Inspirada pela inauguração no Rio de Janeiro da futurista Casa Firjan e pelos ensaios imagéticos que vi no mini festival de realidade virtual que acontece dentro dos Encontros de Arles, resolvi falar esse mês por aqui de inovação, tecnologia e fotografia. Em um mundo dinamicamente em movimento, onde inúmeras tecnologias já criadas hoje irão mudar nossa economia e nossa maneira de pensar nos próximos 10 anos, onde nossos filhos irão trabalhar com profissões que ainda não existem, é essencial pensarmos os (não) limites da imagem.

In the Eyes of the Animal - VR- Marshmallow Laser Feast

“É preciso estar disposto a aprender, desaprender e reaprender. É isso que o futuro demanda". – Tiago Mattos, futurista

Já vi alguns trabalhos em realidade virtual (VR) por aí, incluindo os 21 em exibição até o fim de agosto em Arles. Aqui no Brasil, por exemplo, o Oi Futuro –Flamengo teve uma obra de VR no primeiro semestre, “os Mundos de Isaac”, dos irmão Rico e Renato Vilarouca e agora, no festival Mutiplicidades, está em cartaz a obra “Iceberg” do uruguaio Fernando Velazquez. Essa última é um filme de realidade virtual em 360º onde espécies de icebergs flutuam e mexem em um ambiente ilusório.

O resultado é bastante variado nas histórias e aproximações de acordo com cada artista, mas todos os filmes de VR tendem a nos lançar para outras realidades numa experiência expandida. A tecnologia as vezes ajuda e nos surpreende, mas outras vezes se faz muito presente e limítrofe. Na maioria das vezes, o lado artístico das obras em VR rapidamente se esgota nas delimitações tecnológicas da própria aparelhagem mas uma discussão interessante permanece: quais as inúmeras possibilidades futuras da VR em desenvolvimento? E qual o futuro da imagem, e do universo da arte e da fotografia, diante de tantas novidades e avanços tecnológicos?

Não tenho resposta para isso aqui, nem agora. O coletivo londrino Marshmallow Laser Feast , por exemplo, descobriu por acaso as ramificações possíveis de sua obra Treehugger: Wawon, onde o visitante se torna um com uma árvore. Ganhador do festival de RV de Arles, o filme cria as sensações de uma árvore em diversos momentos: com uma gota de água que entra na terra, o sopro do vento, o cair das folhas, a fotossíntese… Fora o lado artístico, o grupo descobriu a possibilidade de catalogar e criar um arquivo virtual detalhado de espécies de árvores em extinção; uma ramificação da VR para ajudar nos meios de pesquisa, conservação da memória e ecologia.

Assim como a recém disciplina chamada “futurismo” que está sendo amplamente discutida no mundo proponho imaginarmos as possibilidades de um futuro da fotografia diante destas mudanças. De maneira lúdica, que tal explorarmos probabilidades distantes da nossa realidade, traduzirmos abstrações de maneira empática, vislumbrando novas oportunidades imagéticas.


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Ioana Mello é carioca, mora em Paris e desde sua formação dedicou-se a imagem e suas diferentes relações em nossa sociedade. É sobretudo uma apaixonada por fotografia trabalhando a mídia em festivais, galerias, salas de aula ou escrevendo em seu site photolimits.com

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