fotoLivro Unforgettable

de Maria Cecilia de São Thiago

Capa do livro Unforgettable de Maria Cecilia de São Thiago

Eu tenho saudade do que não vivi. Tenho saudade de lugares onde não fui e de pessoas que não conheci. Tenho saudade de uma época que não vivenciei, lembranças de um tempo que mesmo sem fazer parte do meu passado, marcou presença e deixou legado.
— Ruy Barbosa

 "Fotografar e manipular imagens é pensar na profundidade das relações humanas". É abraçada a esta frase que a fotógrafa Maria Cecilia de São Thiago constrói um universo a partir de registros de família feitos há mais de duas décadas antes dela nascer. Fotografias estereoscópicas dos seus irmãos realizadas por seu pai entre 1928 e 1944 são a base desta linha do tempo imaginária e fabulosa que a conecta com a infância dos seus quatro irmãos queridos. Lançando mão dos mais avançados programas digitais de manipulação e tratamento, Maria Cecilia transforma as imagens realizadas há mais de 70 anos em diários visuais poéticos de uma vivência que ela própria gostaria de ter tido, assim promovendo uma auto-cura pela fotografia e diminuindo a saudade que sente de um tempo que não viveu.

-Paulo Marcos de Mendonça Lima

Quando resolvi editar os negativos de vidro de meu pai no final de 2015, o meu intuito era provocar uma viagem no tempo e na memória dos seus quatro irmãos mais velhos. Como tudo, com o passar do tempo, o trabalho foi se modificando e mais intensamente me modificando também. E da simples trajetória das imagens que quase 100 anos em que elas foram feitas, o trabalho hoje tem uma abrangência maior que propriamente a da tecnologia, ou das memórias que guardamos e carregamos conosco, mas uma profundidade no autoconhecimento e na questão da Cura pela Arte que ele envolve.

À medida que gradualmente crio ou “externalizo” minhas imagens em meus dispositivos móveis, trago à luz certos elementos do meu inconsciente que estavam anteriormente na sombra. As imagens conseguidas exemplificar de maneira muito precisa a ideia de que fotografia também é construção do passado; sem a necessidade do elemento discursivo, para a exemplificar. O acesso ao passado via fotografia e memória, visto que, em alguma medida, depende de uma construção narrativa, sempre traz consigo uma dimensão incorporadora de ficção e surrealismo.

Além disso, o trabalho tem uma universalidade muito forte, pois os álbuns de família são sempre comuns em nossa cultura. Não importa de quem são as imagens, a história de todos nós sempre foi parecida. Por outro lado, gosto de contar sobre as memórias de família focando no uso da tecnologia, pois também vejo nas imagens feitas por meu pai há quase 100 anos, o mesmo entusiasmo no “uso dos meios mais avançados de criação de seu tempo”. [ref Arlindo Machado] 

O primeiro estudo para Unforgettable, batizado de “Eu Sei Sim Onde Ela Mora” em referência a uma música composta pelo meu pai, expressa o primeiro lugar para Fotolivros na convocatória Px3 e tem exposição presencial marcada para outubro de 2021 em Paris.
Prêmio ouro em livro / belas-artes, 1º lugar em livro. https://px3.fr/winners/hm/2020/1-91406-20/

Como Natalie Cole que fazendo uso da tecnologia lança o álbum “Unforgettable With Love“ utilizando uma nova técnica que a permitiu regravar duetos de velhos registros musicais com o pai já falecido. Eu, retomo os negativos em vidro de fotografias estereoscópicas dos meus irmãos, feitas por meu pai entre 1929 e 1944, e faço uma releitura dessas imagens, criando um vai e vem entre tempos e espaços com o intuito de criar uma possibilidade de materialização da saudade que sinto, de um tempo que não vivi.
— Maria Cecilia São Thiago

O livro pode ser adquirido diretamente com a Cecília São Thiago e custa R$ 710,00.

São somente 80 exemplares de uma edição única, assinados, certificados e cada um vai acomodado em uma caixa feita especialmente para ele. * junto com um print em papel Algodão Hahnemühle - Photo Rag 308g.*

É uma pequena e delicada joia, rara e única, uma peça de colecionadores.

Cecília São Thiago: klimtt@me.com



Sobre Maria Cecilia de São Thiago

Meu trabalho tenta mostrar como a imagem se estende além de seus próprios limites e muitas vezes o relato subjetivo de uma história sobre os efeitos da interação humana. Em vez de apresentar uma realidade factual, cria-se uma ilusão para projetar os reinos de nossa imaginação.

Esta série enfoca a incapacidade de comunicação usada para demonstrar a realidade, a tentativa de diálogo, a dissonância entre forma e conteúdo e as disfunções da linguagem. Em suma, a falta de referências claras é um elemento-chave no trabalho.

Contestando a divisão entre o reino da memória e o campo da experiência, ele cria, por meio de intensa imaginação, processos que podem ser vistos explicitamente como um ritual para compreender intuitivamente o que está oculto.

Ao fundir vários mundos aparentemente incompatíveis em um novo universo, tento entender essa linguagem. Arte transformada, a linguagem se torna um ornamento. Naquela época, vêm à tona muitas ambiguidades e indistências, inerentes ao fenômeno.