Exposição
2017
Eles já sabiam
Ana Carolina Fernandes, Kitty Paranaguá e Anna Kahn; curadoria de Rogério Reis
No dia 5 de novembro de 2017, quando completam dois anos do rompimento da barragem da mineradora Samarco, no distrito de Mariana, as fotógrafas cariocas Ana Carolina Fernandes, Kitty Paranaguá e Anna Kahn inauguraram a exposição "Eles já sabiam", na Galeria Oriente, com curadoria de Rogério Reis.
"Realizada dois anos após a tragédia ambiental de Mariana, essa mostra é a devolução poética e indignada dessas três artistas, que têm em comum nas suas trajetórias a prática documental para além do tempo da notícia", diz o curador. Rogério escolheu seis imagens e um vídeo para ocupar a Galeria Oriente até o dia 26 de novembro, com visitação gratuita de segunda a sexta, das 14h às 19h.
As três viajaram, em momentos distintos, até a região de Mariana para traduzir em imagens o impacto de uma cidade submersa em lama. Além da exposição, o público terá a oportunidade de conversar com jornalistas, fotógrafos e especialistas ao longo de novembro, em datas e horários a serem anunciados pela Galeria Oriente.
SOBRE AS FOTÓGRAFAS:
Ana Carolina Fernandes (1963, Rio de Janeiro) é formada em Fotografia pela Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage. Fotojornalista desde os 19 anos, quando ingressou no jornal O Globo, Ana Carolina já passou pelas redações do Jornal do Brasil, da Agência Estado e da Folha de S. Paulo, onde ganhou dois prêmios Folha, em 2000 e 2002. Na década de 90, documentou festivais internacionais de teatro e fez stills de filmes, curtas, documentários e videoclipes. Atualmente desenvolve ensaios pessoais e fotografa quase que diariamente as praias do Rio de Janeiro. Documenta as manifestações de rua desde 2013, ano em que foi finalista do Prêmio Conrado Wessel e Shortlist Top Ten Award.
Kitty Paranaguá (1955, Rio de Janeiro) iniciou a carreira como repórter fotográfica no Jornal do Brasil. As suas obras retratam aspectos e espaços geográficos a partir da conexão que estabelece com as suas paixões, crenças, humores e memórias. É uma das sócias do Ateliê Oriente, que fundou em 2010 e já se tornou uma referência em fotografia na cidade. O reconhecimento internacional chegou neste 2017, quando dez fotos da série "Copacabana" foram adquiridas pela francesa Maison Européenne de la Photographie (MEP) e Kitty representou o FotoRio num intercâmbio com o Festival Internacional de Fotografia de Pequim, na China, com a exposição "Campos de Altitude".
Anna Kahn (1968, Rio de Janeiro) estudou fotografia na School of Visual Arts, em Nova York, e viveu oito anos em Paris, atuando como fotógrafa freelancer. O seu trabalho procura retratar a ausência, a solidão, o silêncio. Em 2013, foi convidada pelo curador Jean Loh, de Shanghai, para fazer uma residência artística no interior da China. Esse deslocamento deu início à série de imagens que compõe o livro Oriente, vencedor do Prêmio Foto em Pauta, editado pela Tempo d’Imagem, com apoio da Ipsis Gráfica Editora. Em 2015, ganhou o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia com o projeto Sem Medo do Escuro, lançado em livro em 2017.
Abertura: 5 de novembro/2017
Visitação: até 26 de novembro/2017
Segunda à sexta: de 14h às 19h








Beatriz Carneiro e Paulo Marcos
c/ Projeção de Elisa Pessoa
Beatriz Carneiro e Paulo Marcos se conheceram em 1988 na Reserva Nacional do Xingu, durante as filmagens de Kuarup, dirigido por Ruy Guerra. Kuarup é um ritual de homenagem aos mortos ilustres celebrado pelos povos indígenas daquela região. Se reencontraram em 2017 e desse reencontro 29 anos depois nasceu a ideia de ocuparem juntos o espaço da Galeria Oriente. O trabalho dos dois artistas se une pela memória e pelo embaralhamento e o entrelaçamento das lembranças. Memória do vivo e do não vivo.
Paulo desconstrói a sua fotografia tradicional física, fatiando-a em tiras finas. No meio delas surge o lampejo da cor do urucum. A memória é submersa, sub reptícia, subvertida. Não é mais o que foi, mas o que poderia ser. Não é mais discurso, narrativa, história, é cor, espasmo, frestas por onde passa o óleo escarlate da semente de urucum. A morte de 3 amigos antigos no curto espaço de tempo de 16 meses fez Paulo pensar como a sua memória os trataria, como estas perdas irreparáveis se alojariam na lembrança. Perdas e danos. O que ficaria de cada um? Quais momentos estariam guardados intactos? A memória é um bicho solto, incontrolável, que nos espreita por entre os vãos do presente. Também guardados na memória estão os quatro meses que Paulo e Beatriz ficaram no Xingu. A partir do reencontro dos dois, quase 3 décadas depois, a memória do que viveram e do que viram ficou atrelada à imagem do presente, do que foi visto agora, e o que era passado, agora também é presente.
Beatriz trabalha com matéria. Tanto a matéria viva, o galho, a pele, quanto a matéria construída, fabricada, o cimento. Usando técnicas mistas, gravuras, fotografias, fotogravuras, objetos e esculturas, Beatriz os banha com a mesma relevância. Os olha e os configura como se ali pousasse uma memória.
Durante a ArtRio os artistas convidaram a artista Elisa Pessoa a fazer uma projeção na empena do prédio vizinho. Realizada na fronteira do Brasil com o Uruguai, “Tempo de Duração” é constituído de longas tomadas em plano fixo realizadas a partir de 3 regras: 1 - escolher o quadro, 2 - fixar a câmera e 3 - deixar a gravação acontecer na extensão total da tomada. O tempo passa na imagem criando uma tensão entre o tempo cronológico e o tempo da experiência, gerando uma reflexão sobre o tempo que não está no que as imagens significam significar, mas num vazio de sentido, portanto criativo. O que se busca não é representar uma determinada ideia de tempo, que estaria guardada nesses registros, mas uma poética do vazio, em que a ausência de sentido faz com que novos sentidos possam surgir.
Abertura: 9 de setembro/2017
Visitação: até 28 de outubro/2017
Segunda à sexta: de 14h às 19h















