Fotografia & Filosofia

(2º Módulo)

C/ gustavo POzza, Paulo Marcos e Victor Naine

Eugene Smith - Tomoko Uemura em seu banho - 1971


Fotografia & FIlosofia

2º Módulo

  • Sábados de 10hs às 13hs

  • Carga horária: 12hs

  • 04 encontros (via zoom)

  • de 30/jul à 20/ago/2022

  • Valor: R$700,00 à vista ou a partir de R$780,00 parcelado


“A Fotografia oferece a satisfação mais completa da nossa curiosidade.”

-Schopenhauer  


Nas primeiras décadas do século XIX a Terra sofreu um abalo sísmico que repercute até os dias de hoje. A descoberta simultânea da fotografia em diferentes países proporcionou uma nova e empolgante maneira de olhar, registrar e guardar o mundo. Com estas imagens veio também a revelação de uma nova sabedoria baseada no que estava para além da bidimensionalidade das fotografias que se espalharam como fogo em mato seco.  Usando como pilar a pergunta filosófica seminal "qual é a natureza da realidade", este curso mergulha nas múltiplas camadas das imagens técnicas e de suas conexões com o real visível, se fazendo valer de filósofos que enxergaram no cruzamento da filosofia com a fotografia uma formade dissecar o que chamamos de "realidade". 

Dando sequência ao módulo anterior de Fotografia e Filosofia, estudaremos outros autores igualmente fundamentais para a filosofia da fotografia, como John Berger. Aby Warburg, Didi-Huberman, Merleau Ponty, Boris Kossoy, além do onipresente Walter Benjamin. Alguns dos fotógrafos que nos ajudarão a entender os textos são Alex Webb, Antoine D’agata, Diana Arbus, Eugene Smith, Imogen Cunningham, Karl Blossfeldt, Larry Clark, Marc Ferrez, Miguel Rio Branco, Nan Goldin, Robert Mapplethorpe, Rosangela Rennó., Sophie Calle, Tina Modotti.


Alex Webb (1956) é um fotógrafo americano,  membro da mítica Agência Magnum e conhecido por suas complexas e vibrantes fotografias coloridas de momentos fortuitos enigmáticos, muitas vezes em lugares com tensões sociopolíticas. Nos últimos 45 anos, trabalhou em lugares tão variados como a fronteira EUA-México, Haiti, Istambul, Amazônia e em várias cidades dos EUA. “Eu acredito em fotos que transmitem um certo nível de ambiguidade, que fazem perguntas ao invés de dar respostas”, diz ele. É autor de 16 livros de fotografia, entre eles Hot Light/Half-Made Worlds (1986), Under a Grudging Sun (1989), Amazon (1997), Istanbul (2007), e  The Suffering of Light (2011).

Antoine d'Agata (1961) Nascido em Marselha, deixou a França em 1983 e morou no exterior pelos dez anos seguintes. Durante o ano de 1990 em Nova York, se interessou por fotografia fazendo cursos no aclamado International Center of Photography, fundado por Cornell Capa, onde seus professores incluíam Larry Clark e Nan Goldin. A fotografia de Antoine d’agata nasce de uma necessidade aguda de entender os labirintos dos desejos mais profundos e soturnos da mente e da carne humanas. Uma carne que se joga, de corpo e alma, num desfiladeiro de sombras onde cada fresta pode esticar ainda mais o êxtase. A procura sem fim do prazer simbiótico entre pele e alma, entre sexo e dor, entre o que se vê e o que se toca. Transcendental. 

Diane Arbus (1923 - 1971) foi uma fotógrafa norte-americana, conhecida por suas fotografias em preto-e-branco de pessoas comuns e, principalmente, de pessoas marginalizadas e apagadas.   Arbus participou, junto com Gary Winogrand e Lee Friedlander, da New Documents, em 1967 no MOMA de Nova York, uma das mais influentes exposições de fotografia moderna do século XX.  Foi a primeira norte-americana a ter fotografias expostas na Bienal de Veneza. Suicidou-se em 26 de julho de 1971 deixando uma obra densa e única de imagens pujantes e incômodas. 

Eugene Smith (1918 - 1978) Fotógrafo americano, precursor dos ensaios fotográficos e da Fotografia Documental. Fez suas primeiras fotos aos 15 anos. Em 1936, ingressou na Notre Dame University para estudar fotografia. Em 1937 foi para Nova York trabalhar na Newsweek, de onde foi demitido por se recusar a usar câmeras de médio formato e ingressando na agência Black Star em seguida. Durante a Segunda Guerra Mundial trabalhou para a revista LIFE como correspondente. Neste período ferimentos graves o colocaram em cima de uma cama por dois anos.Trabalhou para a LIFE novamente entre 1947 e 1955, antes de ingressar na Magnum. Smith era fanaticamente dedicado à sua missão de fotografar e é um dos mais influentes fotógrafos humanistas de todos os tempos. 

Imogen Cunningham (1883 – 1976) foi uma fotógrafa americana, conhecida por suas fotografias de temas botânicos, de nus e de cenas urbanas e industriais, caracterizadas por uma luz suave e envolvente e atenção aos detalhes. “Deve-se ser capaz de compreender rapidamente e de perto as belezas de caráter, intelecto e espírito para ser capaz de extrair as melhores qualidades e torná-las visíveis no aspecto externo do modelo”. Começou a fotografar aos 18 anos, mas se formou em química. Depois de estudar na Europa, mudou-se para San Francisco, onde trabalhou ao lado de Dorothea Lange, Edward Weston e Ansel Adams e Willard van Dyke. Foi uma figura de proa do Grupo f/64. Morreu aos 93 anos.

Karl Blossfeldt (1865 - 1932) foi um fotógrafo, escultor e professor alemão na virada do século XX. Suas fotos de natureza, tiveram grande influência sobre os ornamentos orgânicos do design e das artes e são referências de Straight Photography (Fotografia Direta, Pura) até hoje. De 1898 a 1930 Blossfeldt lecionou em Berlim, acumulando milhares de fotografias de plantas que usava como modelos para ensinar seus alunos. Blossfeldt fez muitas de suas fotos com uma câmera modificada para fotografar plantas com uma proximidade inédita, tornando-o um precursor da macro-fotografia. Em 1926 foi publicado o livro Urformen der Kunst (Formas de Arte na Natureza), alcançando enorme sucesso editorial e comercial. 

Larry Clark(1943) é um diretor de cinema, fotógrafo, escritor e produtor de cinema americano que é mais conhecido por seu polêmico filme adolescente Kids (1995) e seu livro de fotografia Tulsa (1971). Seu trabalho se concentra principalmente em jovens imersos no uso de drogas ilegais, sexo de menores e violência, e que fazem parte de uma subcultura específica, como surf, punk rock ou skate. Em Tulsa, sua cidade natal, Clark fotografou seus amigos de infância e adolescência, construindo um retrato contundente de uma juventude de olhos esbugalhados diante da impossibilidade de alcançar o Sonho Americano.

Marc Ferrez (1843 — 1923) foi um fotógrafo brasileiro, descendente de família francesa. Atuou durante o Império e as primeiras décadas da República, entre os anos 1860 e 1922, tendo construído um dos mais importantes legados visuais sobre o Brasil nesse período. Suas obras retratam diversos aspectos da vida brasileira, mas foram as que rmostraram os processos de modernização urbana acontecidos entre 1870 e 1920 e suas panoramas e vistas do Rio de Janeiro, então capital do país, que o transformaram em o mais celebrado fotógrafo de sua época.  

Miguel Rio Branco (1946). Filho de diplomata brasileiro, neto de J. Carlos, bisneto do barão do Rio Branco e tataraneto do visconde de Rio Branco... É pintor, fotógrafo, diretor de cinema, além de criador de instalações multimídia . Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Trabalhou intensamente na Europa e Américas desde o começo de sua carreira, em 1964, com uma exposição em Berna, Suíça. É um dos mais influentes e imitados fotógrafos brasileiros dos últimos 50 anos. 

Nan Goldin (1953) é uma fotógrafa americana conhecida por suas fotos profundamente pessoais e viscerais. As imagens íntimas de Goldin atuam como uma autobiografia visual documentando a si mesma e as pessoas mais próximas a ela, especialmente da comunidade LGBTQ e da subcultura viciada em heroína e outras drogas pesadas. Sua obra mais conhecida, The Ballad of Sexual Dependency (1980–1986) é uma apresentação de slides de 40 minutos com 700 fotografias musicadas que contam a sua vida em Nova York durante os anos 1980. “Para mim não é um distanciamento tirar foto. É uma maneira de tocar alguém - é uma carícia ”, disse ela.

Rosângela Rennó (1962)  é uma artista plástica brasileira, nascida em Minas Gerais, que vive e trabalha no Rio de Janeiro. Rennó iniciou sua trajetória artística na década de 1980, tendo realizado sua primeira exposição individual, Anti-Cinema, em 1990, obtendo em pouco tempo rápido reconhecimento nacional e internacional. Seu trabalho se apropria e traz visibilidade a um repertório anônimo de fotografias e negativos encontrados em feiras de antiguidade, álbuns pessoais, jornais e arquivos, traduzidas por processos de transferência de um contexto a outro, de um suporte a outro. Participou das Bienais de São Paulo, Mercosul, Veneza, e Havana.

Robert Mapplethorpe (1946 - 1989) foi um fotógrafo americano, mais conhecido por suas fotografias em preto e branco. Seu trabalho se debruçou sobre uma variedade de assuntos, incluindo retratos de celebridades, nus masculinos e femininos, autorretratos e naturezas mortas. Suas obras mais polêmicas documentaram e examinaram, com uma intimidade poucas vezes vista na História da Fotografia, a subcultura BDSM de gays da cidade de Nova York no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. Uma exposição de 1989, intitulada Robert Mapplethorpe: The Perfect Moment, gerou um debate nos Estados Unidos sobre o uso de fundos públicos para obras de arte "obscenas" e os limites constitucionais da liberdade de expressão nos Estados Unidos.

Sophie Calle (1953)  é uma escritora, fotógrafa e artista conceitual francesa. Seu trabalho se distingue pelo uso de conjuntos arbitrários de restrições e evoca o movimento literário francês dos anos 1960 conhecido como Oulipo. Seu trabalho frequentemente retrata a vulnerabilidade humana e examina a identidade e a intimidade. Ela é reconhecida por sua habilidade de detetive de seguir estranhos e investigar suas vidas privadas. Seu trabalho fotográfico geralmente inclui painéis de texto de sua própria escrita. Desde 2005, Calle leciona  cinema e fotografia na European Graduate School na Suíça. Ela lecionou no Departamento de Artes Visuais da University of California, San Diego. Ela também lecionou no Mills College em Oakland, Califórnia.

Tina Modotti (1896 - 1942) foi uma fotógrafa italiana, modelo, atriz e ativista política revolucionária.Suas fotografias misturam rigor formal com consciência social. Modotti imigrou para os EUA com 16 anos, atuando em filmes mudos e como modelo durante seus primeiros anos no país. Em 1920 conheceu o fotógrafo Edward Weston, que a orientou e a influenciou. Em 1923, mudaram-se para a Cidade do México, onde conheceram intimamente Frida Kahlo e Diego Rivera. As preocupações sociais de Modotti são uma celebração silenciosa da dignidade do trabalhador. Quando morreu em 1942, deixou uma obra pequena, mas intensamente influente, que reflete sua apreciação pela classe trabalhadora mexicana, filtrada através do vocabulário formal e preciso de sua fotografia.


Professores

Gustavo Luiz Pozza

Graduado em fotografia, especialista em imagem publicitária, mestre em filosofia e doutor em filosofia. Autor dos livros "Contemplando um Soldado Morto" e "Anima".

Paulo Marcos de Mendonça Lima 

Fotógrafo profissional desde 1980. Curador, editor professor e produtor cultural. Formado em Fotografia pelo Brooks Institute, EUA, e em Jornalismo pela UniverCidade, RJ, foi editor de fotografia dos Jornais O Globo, Lance! e O Dia. Em 2007 publicou Kuruap Quarup, com apresentação de Antônio Callado.

Participou em exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Desde 2016 dirige o Ateliê Oriente junto com Kitty Paranaguá, onde já realizaram mais de 500 eventos de artes visuais, fotografia e cinema.  É coordenador de exposições e membro do grupo gestor do FotoRio.

Victor Naine 

Graduado em Filosofia (UCP, 2007). Mestre em Estética (PUC-Rio, 2010) e em História da Arte, Coleções e Curadoria (UCD, Dublin, 2021). Pós-graduado em Fotografia & Imagem (IUPERJ / UCAM, 2015). Professor da Pós-gradução em Fotografia & Imagem (IUPERJ / UCAM, 2015-2017). Fotógrafo e editor (I Hate Flash, 2013-2017). Diretor de fotografia e roteirista (Mítica Filmes, 2012-2014).